Imagine-se em uma mata viçosa, densa e convidativa. Você observa cada detalhe à sua volta, tentando reencontrar aquela sensação de êxtase que vivenciou em outras ocasiões em que ali esteve, mas desta vez os pássaros não estão cantando, a brisa não está agitando as folhas e o riacho parou de correr. Tudo está parado, congelado no tempo e sem vida. Você está na floresta, mas vê tudo como se fosse uma foto pendurada na parede.
Em sua autobiografia, Confissões, Santo Agostinho, um teólogo da Igreja Primitiva, narra um incidente que aconteceu quando na sua adolescência. Havia uma pereira perto da vinha de sua família, cujos frutos não eram bonitos nem saborosos. Ele e alguns amigos furtavam aquelas peras não para comê-las, mas para jogá-las aos porcos. Conta que faziam isso pelo simples prazer de fazer algo proibido, uma prática tão antiga quanto Adão e Eva no Jardim do Éden.
Fui criada em um lar cristão por dedicados pais cristãos. Orávamos antes de sair de casa, sempre que entrávamos no carro, antes de cozinhar, antes de começar uma lição de casa e, claro, antes de dormir. As estantes estavam sempre cheias de livros devocionais infantis e exemplares da Bíblia e assistíamos desenhos animados da Bíblia à noite.
Um dos meus filmes favoritos é o clássico de 1967 Adivinhe Quem Vem para o Jantar, um período na história americana em que as questões raciais estavam em um momento crítico. A obra alcançou tremendo sucesso e se tornou um agente de mudança social.
Ainda me lembro daquele dia. Foi no início da década de 1980 e eu era um adolescente sentado no banco de trás de nosso carro. Quando paramos no semáforo, alguém entregou aos meus pais lindos pôsteres coloridos com textos no verso, os quais eles rapidamente me entregaram. Quando pararam em um lugar para fazer algo, fiquei no carro sozinho por um tempo. Por falta de outra coisa para fazer, dei uma olhada nas ilustrações e nas mensagens, as quais falavam da salvação e da dádiva da vida eterna em Jesus.
Cresci em uma família cristã, mas, na adolescência, sentindo-me sobrecarregada pelos problemas do mundo, comecei a duvidar de minhas crenças. Aos 18 anos, tinha um namorado que tinha muita fé. Falávamos muito sobre espiritualidade e ele era tão sincero que comecei a duvidar das minhas dúvidas.