Por natureza, sou analisadora. Analiso tudo – real ou imaginário. O que é surpreendente é que até recentemente eu não havia notado o efeito disso nas minhas interações com os outros, especificamente meu marido. Acho que todas as mulheres tentam interpretar a aparência, os gestos e outras formas de comunicação não verbal, mas tenho a tendência de ficar remoendo esses pensamentos a ponto de criarem vida própria. Às vezes, chego às conclusões certas, mas é comum eu não entender todo o contexto e quando dou por mim já desperdicei uma enorme quantidade de energia mental e emoção a troco de nada.
Todos passamos por experiências que nos deixam cicatrizes, as quais, sejam elas físicas ou emocionais, muitas vezes tentamos esconder, com medo do que os outros possam pensar se as virem. Essas cicatrizes podem ser qualquer coisa sobre nós das quais temos vergonha e tentamos ocultar —como mágoas do passado, lutas internas, traços físicos dos quais não nos orgulhamos, etc. Ao longo da minha vida, aprendi que existe uma grande liberdade em sermos abertos sobre nossas cicatrizes, em vez de escondê-las. Aqui está um exemplo de uma das minhas ditas cicatrizes da qual aprendi a não me envergonhar.
“Não é justo!” Essa deve ter sido a frase que eu mais disse na infância. Parecia que alguém — ou todo mundo — sempre se dava melhor que eu.
Quando entrei na pré-adolescência tinha bem desenvolvida uma mentalidade de avaliação e análise, com a qual eu cultivava a obsessão por comparar minha aparência, personalidade e habilidades com as das outras garotas da minha idade.
Quem diria que eu escreveria um artigo sobre felicidade e satisfação depois de tudo que passamos este ano devido ao vírus da COVID-19? Depois de tanta insegurança e incerteza no ar, como seria este o momento para pensar na felicidade?
Meu pai teve graves problemas de saúde mental que causaram muito sofrimento a ele, à minha mãe e a nós, sete irmãos. Tive uma infância muito infeliz.
Aos dois anos sofri sérias queimaduras quando uma panela de água fervente virou sobre mim. Até hoje ainda tenho as cicatrizes em várias partes do meu corpo.
1. Faça uma lista de todas as coisas boas que você tem atualmente em sua vida.
Li um texto do rabino Evan Moffic que fez muito sentido para mim. No último parágrafo, ele ensina:
Quando a vida ficar insuportável, tudo ao seu redor parecer desabar e você se sentir incapaz diante da situação, pense em Mim. Pense no grande amor que tenho por você e no Meu poder. Pense em todas as suas bênçãos e Me agradeça por todas as coisas boas em sua vida. Verá que, gradualmente, os sentimentos negativos se dissiparão.
Recentemente cheguei a uma conclusão abrangente, detalhada e nada surpreendente: Não sou bom o bastante.
Sei que ninguém jamais será “bom o bastante” nesta vida. Suponho que o mais correto seria dizer que eu poderia ser muito melhor. Admito que não sou tão ruim assim, pois fui criado com amor e na admoestação do Senhor, em um lar onde regras e amor eram dosados equilibradamente. Mesmo assim, é irrefutável que eu poderia ter me saído melhor.
Recentemente, eu estava revendo meu passado, pensando nas escolhas que fiz e comecei a culpar os outros por alguns desfechos. Culpei meus pais pelas decisões que tomaram e que afetaram minha infância. Culpei minha escola pelas inseguranças que senti e por eu jamais me considerar perfeita o suficiente para ter sucesso em várias áreas. Culpei minha igreja por atitudes que cultivei sobre Deus e que afetaram meu relacionamento com Ele.