Cantara muitas vezes o hino de Frank E. Graeff, “Importará ao Senhor Jesus?”, e sempre me senti confortada por sua graça e beleza. Mas suas palavras realmente ganharam vida depois que Martin, nosso filho de um ano de idade, faleceu. Ele sempre fora frágil, desde o dia que veio ao mundo, meia hora depois de seu irmão gêmeo. Nasceram no Brasil, dois meses antes do previsto e viveram por um tempo com o auxílio de equipamentos. Seu irmão rapidamente superou esse começo difícil na vida, mas Martin não. Ele tinha um problema cardíaco e passou por uma cirurgia em sua sexta semana de vida, da qual lutou para se recuperar.
Eu tinha oito anos quando perdi meu avô, aos 65 anos. Minha família é muito unida e isso foi um golpe duro para todos nós.
Lembro de beijar seu rosto frio e lhe dizer adeus. Mas algo dentro de mim insistia que aquela despedida não era definitiva. Sempre tive uma forte esperança de me reunir a ele algum dia.
Tenho tido alguns contatos com a morte ultimamente. Meu sogro faleceu um mês antes de completar 99 anos. Minha esposa e eu morávamos com ele e meu cunhado havia cinco meses. Era um bonachão que queria viver 100 anos, mas seu corpo não aguentou.
Na infância e na adolescência eu era solitária, cheia de ansiedades e nunca tive um amigo próximo. Queria conhecer alguém com quem me sentisse confortável o suficiente para contar qualquer coisa, e que não tivesse medo de revelar para mim seus segredos. Buscava uma amizade em que eu fosse entendida, aceita e só precisasse ser “eu mesma” — mas ficava pensando se isso só existiria nos livros.
Liz era a melhor amiga de minha mãe. Conhecemo-nos no clube de tênis onde eu trabalhava depois da aula e nos fins de semana. Conversava comigo como se fôssemos amigos e por isso a admirava.
A morte é parte do ciclo na vida, não o seu fim. Isso é evidente em toda a natureza, mas, talvez, nada o torna mais claro que o exemplo que Jesus deu aos Seus discípulos ao prepará-los para Sua morte: “Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica só. Mas se morrer, produz muito fruto.”1
Paulo, o Apóstolo, explorou mais essa analogia quando explicou que nosso “fim”, na verdade, é o nosso início. “Quando você [planta] uma semente na terra, ela só brota se morrer. E o que foi semeado é apenas uma semente, talvez um grão de trigo ou outra semente qualquer e não o corpo já formado da planta que vai crescer. Deus dá a essa semente o corpo que Ele quer. […] Assim quando os mortos ressuscitarem. Quando o corpo é sepultado, é um corpo mortal; mas, quando for ressuscitado, será imortal. Quando ele é sepultado, é feio e fraco; mas, quando for ressuscitado, será bonito e forte. Quando é sepultado, é um corpo material; mas, quando for ressuscitado, será um corpo espiritual.”2
Após a morte deminha mãe, enquanto examinava seus pertences pessoais, encontrei um marcador de livros que, desde então, tem tido grande significado para mim. Nele se vê a imagem de uma nativa americana usando um vestido longo, com montanhas ao fundo e a Lua pairando no céu. Os olhos da mulher estão fechados e, sob a ilustração lemos a inscrição: “Ela vai com graça.”
Já ouvira falar ou lera a respeito de como Deus dá às pessoas “graça para morrer” quando estão para deixar essa vida, ou um dom similar àqueles que perdem entes queridos. Foi o que aconteceu quando minha mãe nos deixou, pois a graça do Senhor foi mais que suficiente. Em resposta às minhas orações, Ele até adicionou Seus toques de amor especiais a uma experiência que, normalmente, seria muito difícil.